terça-feira, 11 de agosto de 2009

Hisória da Vida Privada

HISTÓRIA DA VIDA PRIVADA

Philippe Ariès (1914/1984) e Georges Duby (1919/1996) foram dois historiadores franceses que, entre outros livros, dirigiram os historiadores que escreveram a coleção “História da Vida Privada”. Essa coleção é composta de cinco livros, escritos entre 1985 e 1987:

Livro 1: Do Império Romano ao Ano Mil, com textos de Georges Duby, Paul Veyne, Peter Brown, Yvon Thébert, Michel Rouche e Évelyne Patlagean;

Livro 2: Da Europa Feudal à Renascença, com textos de Georges Duby, Dominique Barthélemy, Charles de La Ronciére, Danielle Régnier-Bohler, Philippe Contamine e Philippe Braunstein;

Livro 3: Da Renascença ao Século das Luzes, com textos de Philippe Ariès, Yves Castan, François Lebrun, Roger Chartier, Jacques Revel, Orest Ranum, Jean-Louis Flandrin, Jacques Gélis, Madeleine Foisil, Jean Marie Goulemot, Nicole Castan, Maurice Aymard, Alain Collomp, Daniel Fabre e Arlette Farge;

Livro 4: Da Revolução Francesa à Primeira Guerra, com textos de Michelle Perrot, Lynn Hunt, Catherine Hall, Anne Martin-Fugier, Roger-Henri Guerrand e Alain Corbin;

Livro 5: Da Primeira Guerra aos Nossos Dias, com textos de Gèrard Vincent, Antoine Prost, Perrine Simon-Nahum, Remi Leveau, Dominique Schnapper, Sophie Body-Gendrot e Kristina Orfali.

HISTÓRIA DA VIDA PRIVADA I

Do Império Romano ao Ano Mil

O primeiro volume da coleção foi organizado por Paul Veyne (1930/), e tem os seguintes textos:

1 – O Império Romano – Paul Veyne

2 – Antiguidade Tardia – Peter Brown

3 – Vida Privada e Arquitetura Doméstica na África Romana – Yvon Thébert

4 – Alta Idade Média Ocidental – Michel Rouche

5 – Bizâncio: Século X-Xi – Évelyne Patlagean

No Prefácio, Georges Duby escreveu que a idéia de se fazer uma História da Vida Privada partiu de Michel Winock (1937/) e foi iniciada por Philippe Ariès, que faleceu em 1984, sem poder ver a obra concluída, mas deixando “reflexões” e “conselhos” que serviram de base para o trabalho que se seguiu.

Duby aponta também, algumas dificuldades que a equipe teve, como a inovação do tema, a decisão de se fazer uma História da Vida Privada Ocidental, procurando sua longínqua pré-História, visto que a “vida privada” começou a existir no século XIX e o cuidado para não se fazer uma “história da intimidade”, através da definição do que é “público” e o que é “privado”:

“uma área particular, claramente delimitada, é atribuida a essa parte da existência que todas as línguas denominam privada, uma zona de imunidade oferecida ao recolhimento, onde todos podemos abandonar as armas e as defesas das quais convém nos munirmos quando nos arriscamos no espaço público; onde relaxamos, onde nos colocamos à vontade, livres da carapaça de ostentação que assegura proteção externa. Esse lugar é de familiaridade. Doméstico. Íntimo. No privado encontra-se o que possuímos de mais precioso, que pertence somente a nós mesmos, que não diz respeito a mais ninguém, que não deve ser divulgado, exposto, pois é muito diferente das aparências que a honra exige guardar em público.”

Ele atenta ao fato de que, apesar de parecer “enclausurado”, o espaço privado é onde se fomentam as relações de poder, que acabarão se refletindo no espaço público, ao mesmo tempo em que impedem o “assalto” desse mesmo espaço público. E, finalmente, mostra que esses dois aspectos foram se modificando e reestruturando, no decorrer dos séculos, até o presente, onde o privado cada vez mais, inexiste.

Na Introdução, Paul Veyne explica que o recorte histórico que foi analisado para o Livro 1 é aquele que situa-se no Império Romano, de César até os Comneno, já no Império do Oriente ou Bizantino.

Em seguida, ele começa a expor alguns dos recortes (“fragmentos”, segundo ele) desse livro: as diferenças entre paganismo e cristianismo, a casa pagã e a casa cristã, e a Alta Idade Média, com o Império Bizantino no Oriente, e o Império Carolíngio no Ocidente.

Finalizando, Veyne explica que escolheu Roma para começar, e não Grécia, porque Grécia está em Roma: “Roma tornou-se grega, exatamente como o Japão contemporâneo se tornou um país do Ocidente.